domingo, 25 de março de 2012

Uma Vista das Montanhas

Houve um tempo em que eu escrevia para fugir
Agora fujo pra escrever e nem isso me basta
É triste ler o que um dia foi e perceber que sente falta
Enquanto tudo passa como uma nuvem num céu cor de prata

Às vezes, quando as lembranças parecem brilhar,
Entendemos que talvez viver não seja uma total perda de tempo
Então paramos de rodar como robôs
E corremos contra o vento

Apenas para sentir a brisa encontrar os nossos sorrisos
Apenas para saber que existe mais do que sua rota diária

Às vezes derrotamos os fantasmas do passado
Com caminhos para o futuro
Um lugar ainda obscuro
Porque somos tolos com as esperanças

Corremos em busca do nada
E quando a mente se torna perturbada
Colocamos nossos óculos escuros
Então ninguém poderá nos ver chorar

É ruim estar confuso
Mas o mergulho em parafuso
É o que faz a corrida valer a pena

É claro que o mundo está difuso
Mas o relógio continua em uso
E a vista ainda pode ser plena

sábado, 24 de março de 2012

Escolhas

Era noite quando percebi que havia algo de errado
Porque a terra que sujou os meus pés
Não era a mesma em que enterrei meu passado

No fim da estrada uma luz guiou minhas esperanças
O sol se abriu e coloriu os destinos, fazendo mudanças

Uma mão suave encostou a minha
E eu me sentir segura
Talvez isso não seja um sonho então

Eu sei que na verdade não estou sozinha
Mas sou eu quem decide se a vida vai ser dura
São meus pés que devem ficar perto do chão

Mesmo que a lua acalme meus medos
Ela não estará lá para sempre
Mesmo que o sol reacenda meus anseios
Ele descansa nas noites solitárias

Uma verdade é sempre uma verdade
Real e imutável

Uma mentira é sempre uma mentira
Sem sentido e deplorável

Foi então que tentei mudar as cores do meu céu
As estrelas causaram alvoroço nos olhos dos outros
Então eu registrei meu sucesso em versos num papel

quinta-feira, 22 de março de 2012

Ronda

Os dias se arrastam como corpos jogados
As semanas correm como os pensamentos perdidos
Nossos olhos estão drogados
Com nossos futuros pré-resolvidos

Estou correndo contra meu próprio sentido
Viver é respirar e dar alguns passos rumo à felicidade
Que jamais chegará, nós sabemos
Viver é esperar por uma ilusão diferente a cada dia
É contemplar a agonia de olhos fechados

Eu quero tentar o novo
Mas é incerto e perigoso

Perder o chão nunca é proposital
Mesmo que aconteça a todo tempo
Assim como a culpa é um sentimento externo
Que machuca por dentro

Vede os seus olhos
E escute seus passos rumo ao céu
Sons nos fazem mais humanos

sábado, 10 de março de 2012

Um Fogo Entregue À Neve

Do céu ao inferno
E ao mesmo tempo
Do inferno ao céu
É assim que me sinto

Porque ambos estão
Dividindo espaços
Em minha conturbada mente
Meu fiel labirinto

Sobriedade é tudo que não quero ter
O que esperam é tudo que não quero ser
Porém é isso, justamente, o que sou
Contudo é isso, simplesmente, o que tenho

A impressão sutil de liberdade
Ronda os meus sorrisos
Enquanto estou presa à culpa
E às expectativas dos outros
Eu me entrego à luta
Meus desejos são sobrepostos

Sem chão
Ou sem teto
Meu estado aparente desaba
Por se achar muito esperto

Mas é cego e escolhe os planos errados
É esperançoso e confia nos outros em demasiado

Não sou eu, entenda...
São os vários “eus” que me cercam
As várias vozes que me falam
Os vários fantasmas que me encaram
E todos os anjos que se calam.

domingo, 4 de março de 2012

Passos e Cacos

Por que estamos sendo racionais em um mundo tão selvagem?
O minuto que se pensa é o mesmo em que tudo ao redor nos devora
Porque o ar é denso demais

Então nós respiramos fundo
E sentimos todas as verdades corroendo nossos sonhos e esperanças
Tornando o simples viver um desejo que se deteriora
Porque o ar está cheio das mentiras que deixamos para trás

Caminhamos e nossos passos são baseados em promessas traiçoeiras
Que estão sendo violadas
Choramos e o que sentimos está sendo perdoado por pessoas passageiras
Que já estão habituadas

Rode o disco mais uma vez
E ouça o som dos que acreditam
Diga aos outros que não é certo

Vire a página e perdoe outra vez
Todos aqueles que se limitam
E ignoram o que está perto

Tão perto que queima

Porque estamos contando os dias para viver
E quando vivemos, vivemos para contar os dias que ainda temos
Porque na verdade estamos todos cegos

Cegos ao ponto de não termos coragem
De admitir um erro humano
Sobre viver como se a vida não fosse uma miragem
Como se o amanhã não fosse um mero engano

quinta-feira, 1 de março de 2012

Bilhete De Entrada

Bem vindo
Estou apenas subindo os degraus
Não me incomode
Eu perco fácil o equilíbrio
E despenco no caos

Eu disse que isso seria difícil
Mas tudo bem eu nem estar preparada
As pessoas estão circulando a minha vida
Eu continuo estaticamente parada

Um dia veio
A noite foi
Eu permaneci

Minha mente ficou
Esgueirou-se pelos cantos dos sonhos
Perdeu seu tempo nos meus pesadelos
Voltou sozinha para o fundo
O fundo de tudo que vejo e penso e imagino e almejo

Uma noite veio
Eu acordei
Não era um sonho

Estou aqui subindo os degraus
Mas não se incomode
Se eu perder o equilíbrio
E despencar no caos

(acontece sempre)