quinta-feira, 21 de junho de 2012

Passo Em Falso

Eu olho pra frente e vejo apenas borrões de futuro
Porque troquei toda uma vida de expectativas
Por raros segundos espaçados de silêncio
(Alguém lembra quando foi?)

Talvez nem seja saudável
Mas o ritmo da vida me carregou sem que eu pudesse lutar
Já que estava muito ocupada sendo feliz

Hoje eu caminho pelas ruas e vejo nos olhos dos outros
Que viver uma mentira é a forma mais fácil de sorrir
E aqueles que um dia disseram que devemos tentar mudar o nosso mundo
Estavam certos em colocar essa responsabilidade nos ombros dos outros

Eu sei que carrego mais do que a minhas próprias expectativas
Eu sei que carrego os desejos daquelas pessoas que me dão a mão
E o peso desse todo que fica inerte sobre mim
É tão, tão grande, que é quase impossível se mover
É quase impossível respirar

E quando se deixa transparecer
A real incapacidade de segurar tantas expectativas
As pessoas ao lado se demonstram decepcionadas
Fazendo o peso que se carrega nos ombros
Migrar para a consciência, já sem espaço
E devastar a mente, já conturbada

Dizem que o futuro é o que se faz do presente
Mas dizem também que devemos viver o presente
Sem se preocupar com futuro
Dizem que você deve fazer o melhor pra você
Mas dizem também que é preciso pensar nos outros

No meio de tudo isso eu me encontro estática
Calculando as consequências dos passos
Chegando a conclusão que é melhor não se mover
E não correr o risco de perder o equilíbrio

domingo, 10 de junho de 2012

Célebre

Meu céu de diamante rachou
E choveram cacos a me perfurarem os olhos
Os digníssimos verdadeiros cristais
Mataram meus sonhos de açúcar e nada mais

Revelando as soberbas de um passado alternativo
Os viveiros imundos dos meus medos confundidos
Tão distantes os universos na película difusa
O filme da vida que reclama sua personagem tão confusa

Quando desistir das passadas do relógio parece fácil
Pois sob os cobertores do sossego, há apenas um sono leve
Abrir os olhos, contudo, é um ato de coragem
Enxergar a vida de punhos fechados sem ser uma miragem

Os punhos fechados dos homens que nos ordenam
Os olhos cerrados dos carrascos que nos rodeiam
Os sorrisos amarelos dos anjos que nos deixaram
Os suspiros gelados dos pares que nos abandonaram

Estamos seguindo a multidão por trocos
Arriscando-nos em uma corrida no meio fio
E os carros que passam na estrada
Carregam apenas almas

Estamos perseguindo uns aos outros
Em um caos fechado, sem desafio
E os cacos que caem na nossa cara lavada
Deixam apenas almas

Num singelo ato de vida sóbria
Sabendo que os que vinham me viam como louca
Eu jorrava sabedoria pelos poros
E vomitava mentiras pela boca

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estrelas Eram Seus Olhos

Houve um tempo em que os giros do planeta
Influenciavam o modo como os pensamentos fluíam
Um ser solitário esperava a volta de um cometa
Caminhando sob um céu escuro em que as verdades ruíam

Houve um tempo em que
Palavras eram ditas, sem serem atropeladas
E sonhos eram vividos, sem serem interceptados

Houve um tempo bom
Há um bom tempo
Mas então, houve um borrão
Causando um grande enorme tormento

Muitos correram contra os dias
Sem contar as horas
Tentando voltar a um passado
Em que eram possíveis boas vitórias

Mas somente um ser foi capaz de recomeçar
Porque seus pés eram presos ao chão
Mas sua mente era presa ao ar
Nos céus, onde não havia borrão

Nos céus nunca houve mudanças
Que pudessem atormentar
Nos céus não existiam dilemas
Nem problemas com que se preocupar

Nos céus só brilhavam estrelas
Giravam planetas
Corriam cometas
Para viajar