segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Realidade A Flor Da Pele

Eu sempre tive pouco tempo e muito que fazer
Muito que pensar e muito pra temer

Eu sempre tive muito medo
E muitos desejos ocultos
Muitas vidas inalcançáveis
Muitos fantasmas e vultos

Eu sempre tive muito além
Sempre fui mais e pior
Em momentos sendo em tudo vida
De tempo em tempo sendo só

Eu sempre fui demais
Mas o exagero era apenas eu mesma
Eu e minha caixa de desgraças
Eu e minha vida de espaços

Era somente, tão somente
Ilusão e era tão sóbrio
Minha tola e iludida mente
Sendo apenas uma obra

Perdida em mim
Perdida em quem
Ousou se enganar
Ousou ser alguém
Perdida em mim

sábado, 24 de dezembro de 2011

Olho do Furacão

Desculpe.
O mundo girou e girou
Eu fiquei esquecendo-me em algum lugar
E definhei perdendo cada segundo de vida
Estendi toda súplica aos céus e esperei derradeiras respostas
Aquelas tantas, esperadas e justificadas, todas que jamais viriam
Eu esperei em vão, contei os dias e as noites... Sozinha
Agora, eu apenas peço desculpas e corro
Entrego-me as lágrimas
E ao medo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dissimular

Minhas mãos estão atadas...
Obrigada
Não estou disposta a mudar nada
Cada avanço é simplesmente destruidor

Meu corpo está tomado...
Obrigada
Entregar-se devagar é o meu modo de dizer
Que cada sonho que tive foi ilusão de meu ser

Minha vida está acabada
Eu agradeço por ser simples
Eu tenho algumas cartas na manga
Mas me parece um pouco tarde

Meus sonhos estão preparados para voar
Eu tenho pena dos meus iguais
Tão fracos, tão indiferentes
Todos irão definhar

Minhas mãos estão atadas...
Eu agradeço
Não estou disposta a mudar nada
Infelizmente é apenas o começo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sós e Suficientes

Eram dois e eram amigos
Eram sós e eram suficientes
Riam-se e contagiavam um ao outro
Perdiam-se no tempo, sempre pouco

Contavam seus gracejos
Trocavam seus lampejos
De glória e de lamentos

De tarde se abrigavam
Na chuva se jogavam
E note, era só.

Quando sorriam eram felizes
E quando não eram
Ainda eram dois e eram amigos
Eram sós e eram suficientes.

Liberdade

Estou (me) sentindo muito
E apenas.
Algo demais e meio sem jeito
Supervalorizando coisas pequenas

Ando meio amiga de mim mesma
De forma surpreendente, não tão presa
Jogando-me através das nuvens
Voltando ao chão
Ilesa.

Acredito que seja algo sobre
A inovação e sobre o peso
Sobre distração e sobre o medo
Sobre sentir sem ninguém ver
E permitir sem me esconder

Talvez seja algo sobre os outros
Ou, talvez, só esteja dentro de mim
Sobriedade, talvez, seja
Ou calúnia em pensar assim

Um dia talvez eu entenda
Quando os sacos de problemas
Voltarem as minhas costas

Um dia eu talvez compreenda
Quando todos os dilemas
De fato, soltarem as cordas.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Poeticamente Sem Poesia

Estranho isto que acabo de notar
Achei que, para mim não seria problema
Achei que, como respirar,
Seria quase nato surgir um poema

Agora me vejo aqui, meio sem jeito
Sem saber sobre o que escrever
Sem saber como fazer o feito
Sem saber, sobre isso, o que dizer

Mas que desconfortável situação
E sem palavras, é como estou
Parece que me perdi, demais até,
Na beleza da vida

Pois pra se compor qualquer canção
Mesmo sem ritmo, apenas rima
É necessário, um pouco apenas,
De uma tristeza ressentida

Mas que ironia do destino
De um sem nada de desaponto
Sem treino, só desatino
Sai de mim, um poema pronto.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cordão Umbilical

Eu dou um passo pra frente
Ela dá cinco pra trás e me leva junto
Amarrada numa corda, ela me carrega
Ligação doentia, subordinada a sua regra

E se eu salto pra frente
E se eu alcanço o infinito
Ela até acha bonito
Mas me puxa de volta
Por que o infinito é apenas longe demais...

E se eu pulo de felicidade
Por algo além de normalidade
Ela pergunta sobre o banal
Por que é isso que me traz futuro

Eu tenho milhões de anseios e desejos
Guardados com todo cuidado
Porque tudo é demais, pelo que vejo
Tudo aquilo que não for estereotipado

Eu poderia (e posso) perder várias verdades
Mas ela nem se importa, enfim, ela nem nota
Eu poderia (e posso) pensar bem mais do que o aparente
Porque ela nem percebe, ela nem sente.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Alcance

De degrau em degrau
Comecei minha escalada
De passo em passo
Assim foi, minha caminhada

Em busca da luz ao fim de tudo
A procura dos grãos de vida
Fugindo da escuridão desse mundo
Que não nos deixa felicidade bem vinda

Eu caminhei e caminhei
Procurando, fugindo e esperando
E tantas, tantas pedras encontrei
Que foi vitória só estar lutando

Eu escalei e escalei
Buscando, caindo, recomeçando
E tantas, tantas foram as quedas
Que preferi da vida, as estradas

E mesmo assim não posso esquecer
As cicatrizes dos penhascos no meu corpo
Vestígios de que tentei e ainda posso
Encontrar meu lugar ao topo

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Plural

Você sabe o que eu estou sentindo
Entende o que eu não entendo
Nas noites escuras de chuva
Você está no vento

Você está nos passos do andar de cima
Nos gritos do andar de baixo
Em toda e qualquer esquina
Em tudo que não me encaixo

Você faz meus olhos e eu vejo
Cores e modos que não se esvaem
Você corre meus dedos num tracejo
E no papel as idéias caem

Você sabe o nó que fez em mim?
Estando em tudo e não estando em nada
Porque não o sinto perto assim
Apenas longe como uma nuvem afastada

Que se destrói em chuva e me molha
De longe cai em gotas e me olha
Estando em todo lugar
Estando em mim só por estar...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

De Fato

Às vezes, com muita frequência,
Eu me afasto e me perco deslocada
Eu me esqueço da consciência
Entregando meu tudo ao nada

Num comportamento anômalo
Distancio-me e sinto segurança
Sem, no entanto, me sentir só
Em uma solidão sóbria mas de criança

Por que dentre muitas faces felizes
Algum tipo de tristeza sempre esta escondida
E quando se mostra são apenas brechas
De uma certeza há muito decidida

Essa frequência que esses tempos
De fato, conquistaram em mim
Se reflete na incerteza dos momentos,
No passar das horas, que ruma ao fim

Um dia e outro simplesmente
Não se sucedem, nem se acompanham
Se isolam em si, sutilmente
Num mundo, ao todo, estranho.