Estou absorta em Cazuza e Cássia Eller enquanto as rádios tentam me empurrar as novas sensações do pop/rock/sertanejo. Estou encantada com Machado de Assis ao mesmo tempo em que o “New York Times” tenta me fazer ler seus best sellers. Até então eu nem sei quem sou. Sei apenas que, além de desvendar o mundo, quero descobrir algo novo e nem isso me é possível. Pois tudo o que me importa já foi descoberto.
Tento me refugiar no amor, mas não o reconheço em meio a tanta indiferença. Deparo-me então com a plena solidão e não vejo mal nisso. São nessas horas que escrevo, contudo, não sei se isso me é válido. Hoje em dia ninguém mais se perde na palavra. A palavra sim, se perde em nós. Dizem que é a arma dos fracos, dos que tem medo de agir. Mas eu não quero te dar todas as respostas assim, como um presente. Quero que você as descubra. É a velha filosofia de Sócrates. Faça os pensar e eles irão convencer a si próprios. Porque ninguém pode implantar um conceito em sua crença, você é quem escolhe em que acreditar. Eu nada posso fazer quanto a isso.
Porém, Sócrates que disse isso. Ele nem mesmo sabia escrever. Interessante, no entanto, o fato de que isso não o impediu de passar seus conhecimentos adiante. Mais importante que isso, não o impediu de adquirir tais conhecimentos. Como que de presente para nós, contudo, Platão os escreveu.
Ainda assim, Platão não possui nenhum de seus livros na lista dos best sellers do “New York Times”, nem na dos mais vendidos da revista “VEJA”, nem na lista de livros do vestibular, aliás, a amizade para com o saber nem é mais exigida nas universidades. Em tempos de Fordismo e Taylorismo não é preciso pensar. E eu... Eu continuo acreditando que nasci na hora errada, no tempo errado.