sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

De Tycho a Kepler

Tenho medo do esquecimento
De me esconderem em um nicho
Resumirem-me ao que sou: um bicho!
Ser jogada de encontro ao vento.

Tenho medo de lutar por um nada
De viver uma vida errada
Descobrir e ser amarrada
Flutuar para o fim da escada

Talvez nem tenha o que temer
Mas mesmo assim resta dúvida
É como algo que precisa chover
Mas não consegue se precipitar em chuva.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Suicídio

Uma hora escrevo romances
E logo, já estou caindo de um precipício.

Uma hora: Sorrisos
E logo, olhos em pranto

Meus versos refletem
O que sinto:
Encanto

E logo ilustram
Meu eterno sono
Como acalanto.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tormento

Sinto-me mal
Passo mal
O mal me perpassa
Um presságio
Um sufrágio
Para além da vida
É assim que me sinto.
Mórbida
Sem cor ou calor
Cabelos molhados
A caírem nos ombros
Olhos cansados
A formarem escombros
De luz, de visão
De sentido, de emoção
Nesse sentimento
Que aflora e a hora
Parece não passar
Agonia de fracos
E frascos que tomo
Sem, contudo, cessar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Labirinto

Pedras e galhos
Para todos os lados.
Linhas e curvas,
Caminhos cruzados.

Você não sabe o que vai encontrar.
Não sabe se terá de voltar.
Você não sabe o caminho.
E está sozinho...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Contagem

Um, dois e três
Me despeço e parto
Em prantos

Dois, três e quatro
Nesse espaço me faço
Como ontem

Três, quatro e cinco
Não minto no vento
Faço-me extinto

Quatro, cinco e seis
Quando esse lógico
É somente o que tens

Cinco, seis e sete
Traz de volta esse laço
Meu passo que remexe

Seis, sete e oito
Não me perco
Sou afoito

Sete, oito e nove
Onde está esse corpo?
Que me envolve?

Oito, nove e dez
O que há nesse ameno
Escrevo em papéis.

Um Sonho

Por que estou fazendo isso?
Sinto o aroma das flores
Caírem sobre mim
Como em um dia de primavera
Sorrisos cumprimentam-me, pelas ruas
De uma cidade desconhecida
Mas estonteantemente bela...

Por que estamos fazendo isso?
O toque de rosas não pode nos cegar
E o som dos cacos não pode nos ensurdecer;
A vida aqui fora não pode parar
E o tempo solitário não pode correr.

O que estamos fazendo afinal?
Essas coisas fora do lugar
Esses riscos em cores no céu
Um sol pomposo a brilhar
Cumprindo um outro papel

Nós mudamos tudo em um segundo
E não há, derradeiras respostas
Que possam nos explicar
Por que estamos fazendo isso.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lágrimas de Saudade

Tô com saudade do meu ar
Minha cidade, meu lar.
Minha vida, meu ofício, minha saída.
Minha rua, meu poema, minha lua.
Meu sono, meu sol, meu insano.
Meu cobertor, meu céu, meu amor.

Tô com saudade
Da minha, do meu, saudade...

Isolamento

Irônico pensar
Que um dia irei voltar
A esse lago, essa árvore, esse tom
Esse pássaro, esse laço, esse som.

Estranho entender
Que um dia irei viver
Sem esse toque, esse cheiro, esse beijo
Esse céu, esse inferno, esse desejo.

Vazio insistir
Que um dia irei sorrir
Com esse destino, esse sonho, essa parte
Esse tédio, essa mágoa, essa arte.

Fuga

Há muito o sinto
E não o entendo
Disfarço, leio, canto
Mas não o esqueço

Divirto-me alheio
Nessa fuga do meu mundo
Nessa fuga do meu ser estar
Esse medo de não voltar

Sinto falta dos risos
E sorrisos amigos
Dos velhos hábitos
Dos prédios antigos

Naquela cidade
Que chamo de minha
Da qual fujo
E pereço sozinha.

Nota da Autora

Olá leitores em férias,
Estou extremamente feliz com as visualizações daqui. Não sei se as pessoas leem, se apenas passam o olho, ou entram na página errada. Só sei que quando voltei de viagem – sim, viajei! - encontrei comentários e muitas visualizações nos dias que estava fora, e isso me deixou feliz. Lembro até de ter imaginado isso. Viajar! Uma de minhas paixões. Mas com restrições. Detesto me isolar da vida urbana como aconteceu. Indo a praias desertas sem amigos ou afins. Porém isso me faz escrever e escrever. Sendo assim, volto com muitos versos novos, mas de certa forma velhos, pois já me senti desse modo outras vezes. Usem suas capacidades e interpretação! Que é, aliás, a velha mágica das palavras.

Saudações, rimas e canções.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Harmonia

Quantas frases são precisas para se escrever um livro?
Quantos livros são precisos para escrever uma frase?
Que preste.

Quantos sons são precisos para se ter uma música?
Quantas músicas são precisas para se ter um som?
Que soe.

Quantos riscos são precisos para se ter isso?
Quantos frases e livros e sons e músicas...
São precisos para que façam algum sentido?
Que sinta e soe, alto e sonoro, no cosmos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nós Vivemos Em Uma Laranja

A chuva cai num dia ruim
Em um dia bom, o sol brilha
Tememos de muito o fim
Queremos fugir dessa armadilha

Calotas polares derretem
Florestas mudam para deserto
O inverso também acontece
E então, o ser vivo adoece

Dizemos que temos que cuidar do planeta
Mas não cuidamos nem do nosso quarto
Dizemos que temos que doar comida aos pobres
Mas não damos valor ao nosso prato

O planeta está apodrecendo
Já nasceu e cresceu
Nós vivemos em uma laranja
O inevitável apareceu

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Meu Suave "Te Saber"


Sei o que você quer
E o que não quer
Só não sei de mim

Por que não sou capaz
Quando você me faz
Ficar tão assim

Queria poder me ver
No reflexo de seus olhos
Todos os dias

Queria em meus braços te ter
E poder te aquecer
Nas noites frias e doentias

Sei seus medos e desejos
Só não sei de mim
Não sei negar teus beijos
Só te dizer o sim.


Título por Álvaro Borges Jr.

Paraíso Do Exílio

Retirar-se para encontrar-se
Achar dentro de si o que falta
Saciar essa louca revolta
Provocada pelo estresse do movimento

Retirar-se para o silencio
Canto de pássaros ao vento
Explorar o interior de si
Entender o que há de vir

Retirar a si mesmo da badalada
Do barulho, do céu cinza, da estrada
Respirar o aroma de hortelã
Escrever versos sobre o tempo na manhã

Retirar-se retirante e se secar
Encontrar na pupila negra o que se perdeu
Procurar no barulho das ondas o breu
Esperar até a hora de voltar.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Parecer

O que parece ser loucura
Nessa vida de diversões?
Sem responsabilidades,
Sem preocupações...

O que parece falta de compromisso
É na verdade uma fuga, um sumiço;
Um adeus à chata rotina,
Um entregue a passada menina.

O que parece um ser sem saber
É um sol sem nuvem e um ar sem porque,
É um libertar-se para entender
E um achar-se para esconder.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Disforme

Disforme
Raro e exato
Disforme
Pedra no sapato
Disforme
Poesia de fato
Disforme
Almeja tato
Disforme
Necessita contato
Mas ainda disforme
Late como pato.

Nota da Autora

Olá leitores árduos (ou não),
Hoje eu completo 17 anos de vida e é um dia muito especial! Depois de um ano incrível, cheio de altos e baixos admito, se posso dizer, bem baixos e bem altos, porém incrível se analisado como um todo, eu me sinto feliz e realizada nesse aniversário. Diferente decorrente de todos os aprendizados que tive esse ano. Avaliem seu ano passado assim como eu, por um todo e perceba o quanto você aprendeu! Pois, assim como poemas e músicas não podem ser analisadas por apenas um verso ou um solo; vidas, anos, o tempo em si não pode ser analisado por momentos isolados e sim pelo todo e o sentimento que esse todo nos proporciona. Um 2011 cheio de aprendizados para todos!

Saudações, novas rimas e canções.

Mente No Tempo

O tempo passa inevitavelmente...
Pessoas vem e vão
A marcas ficam inegavelmente...
Prendem-se ao coração

Anos e dias e horas
Momentos felizes
Esperas e demoras

Cansaço, fadiga
Novas diretrizes
Fazem essa vida.

É o jeito de se viver!
O que passa o que fica
Dessas vidas bem vividas
Sem saber o por quê?!
A deixar: sorrisos e feridas.