terça-feira, 25 de outubro de 2016

Eu sou mar

Se o mar me emprestasse uma onda
Fazendo o refresco de um banho ser eterno
Ou se ele me doasse um pouco do seu azul
Pra eu me pintar numa noite fria de inverno
Eu recusaria
Não é meu

Se o céu me emprestasse suas nuvens
Fazendo a chuva chover a minha reveria
Morreria de sede se preciso fosse
E mais uma vez, eu recusaria

Se as florestas me dessem, de boa vontade
Todo o seu verde pra eu florir o meu jardim
Ou se entre tantas espécies
Escolhessem um pássaro que cantasse só pra mim
Eu recusaria

Eu recusaria todo azul e todo verde que não me diz respeito
Pois cabe a mim o cinza das cidades
E a fúria das tempestades
O preto e branco que me angustia o peito
Nasci humano

Mas se fujo procurando a paz na cor
Ainda assim, não quero posses
Troco a posse pela harmonia
O ter natureza, pelo ser natureza
Soberania
Por sutileza
  
Compreendo que o verde da floresta
É o mesmo verde dos meus olhos
O castanho do cabelo que balança rebelde na testa
É o mesmo que pinta nas árvores os galhos

Eu mergulho
E no vai e vem das ondas
Não tenho medo de me afogar
O ar que te balança, mar
É o mesmo que me faz respirar
Somos um só

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