quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Doce Súplica Dos Falsos Dementes

Estranho como nos escondemos
Atrás dos troncos do nosso passado
Na esperança de sermos encontrados por anjos

Estranho como nos recolhemos
Dentro dos nossos pensamentos bagunçados
Suplicando por uma explicação dos céus

Queremos ser achados
Por aqueles que estão perdidos
Pois são os únicos que poderão nos entender

E se não...
Queremos ser confundidos
Como vultos apressados
Para que ninguém possa nos reconhecer

Porque não está ao alcance dos lúcidos
O doce veneno de nossas loucas mentes
Mas os perdidos sentem de longe
A presença dos falsos dementes

Os desencontrados entendem a súplica
Nos olhos dos pobres cachorros
Que se culpam por não enxergar em cores

Entendem que não é assim fácil
Reprimir as vísceras que sangram tristezas
E mostrar os dentes amarelados de café
Pois a vida não nos tem deixado dormir

Assim nós queremos
Ser encontrados pelos que estão perdidos
Desencontrados e mentalmente danificados... como nós

Queremos ser sentidos
Como um zumbido nos ouvidos
Que se finge não escutar
Como uma picada de mosquito
Que demora a coçar

Queremos ser encontrados
Por aqueles que estão perdidos
Num encontro suave
Numa troca de olhares

Pois os perdidos, de longe, sentem
A presença de falsos dementes

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