E choveram cacos a me perfurarem os olhos
Os digníssimos verdadeiros cristais
Mataram meus sonhos de açúcar e nada mais
Revelando as soberbas de um passado alternativo
Os viveiros imundos dos meus medos confundidos
Tão distantes os universos na película difusa
O filme da vida que reclama sua personagem tão confusa
Quando desistir das passadas do relógio parece fácil
Pois sob os cobertores do sossego, há apenas um sono leve
Abrir os olhos, contudo, é um ato de coragem
Enxergar a vida de punhos fechados sem ser uma miragem
Os punhos fechados dos homens que nos ordenam
Os olhos cerrados dos carrascos que nos rodeiam
Os sorrisos amarelos dos anjos que nos deixaram
Os suspiros gelados dos pares que nos abandonaram
Estamos seguindo a multidão por trocos
Arriscando-nos em uma corrida no meio fio
E os carros que passam na estrada
Carregam apenas almas
Estamos perseguindo uns aos outros
Em um caos fechado, sem desafio
E os cacos que caem na nossa cara lavada
Deixam apenas almas
Num singelo ato de vida sóbria
Sabendo que os que vinham me viam como louca
Eu jorrava sabedoria pelos poros
E vomitava mentiras pela boca
Nenhum comentário:
Postar um comentário